Yamaha Midnight Star 950
A nova Custom da Yamaha, que substitui a Drag Star,
foi inspirada nos carros esportivos da década de trinta.
Apesar deste design que leva à nostalgia, a tecnologia é do século XXI.
Esta é uma moto que conseguiu aliar o clássico com o moderno.

Por sua facilidade de manobra, a Midnight Star 950 cativa a pilotagem mesmo daquele que não curte o estilo, aparentando até uma leveza inexistente que deve agradar em cheio ao público feminino. O ronco de seu motor, quando em viagem de cruzeiro entre 80 e 120Km/h, lembra um V8, das décadas passadas, em marcha lenta.
Com 60º de inclinação e 942cm3 refrigerado a ar, o motor é um V2 que conta com cabeçotes de quatro válvulas por cilindro e balancins roletados. A compressão de 9:1 em câmera de combustão de perfil especial conta ainda com cilindros depositados com uma camada de compósito cerâmico para ajudar na lubrificação e refrigeração.
![]() |
|
Foto: Divulgação YAMAHA
|
|
![]() |
|
Foto: Bitenca
|
|
![]() |
|
Foto: Bitenca
|
|
![]() |
|
Foto: Divulgação YAMAHA
|
|
Os pistões são forjados e o motor tem uma concepção simplificada, sem balanceiros. Isto dá ao piloto a sensação de estar lidando com um motor clássico (vibração em baixa), mas que não abre mão da tecnologia moderna para performance e conforto, pois transmite pouca caloria nas pernas. Sua injeção tem bicos de quatro furos, sendo dois deles direcionados diretamente às válvulas de admissão, para ajudar na atomização do combustível e nas respostas do acelerador. Ela conta, ainda, com uma válvula ISC (idle speed control) para estabilizar a marcha lenta.
Com relação bem escalonada, o câmbio tem cinco velocidades. Há sempre uma marcha ideal para cada situação e as trocas são suaves e precisas.
Sua transmissão de correia dentada, com um pouco de folga excessiva no sistema – característica típica de transmissões por corrente –, chama a atenção. Porém, aqui, em nada prejudica.
A alavanca segue o projeto clássico para trocas com o calcanhar, prejudicando um pouco o piloto acostumado a trocar marchas com a ponta do pé. Coisas de Customs.
De berço duplo, o chassi é longo e baixo. Os 1.684 mm entre eixos e os meros 673 mm de altura do assento resultam em um deslocamento que prima pelo conforto e uma bela aparência.
A bike demanda grande cuidado em curvas radicais – não foi construída para isso. As plataformas raspam com facilidade, até mesmo em balões ou curvas de acesso às rodovias. O contato delas serve de aviso para ir com calma, pois, se avançar na inclinação, o impacto poderá ser com o chassi. Neste caso, as rodas podem ser retiradas do chão, resultando numa situação perigosa.
Com ajustes na pré-carga do amortecedor traseiro suspenso em link roletado, a suspensão tem a tradição tecnológica do monocross Yamaha. Os tubos dianteiros têm 41 mm de diâmetro, conferindo beleza e rigidez ao sistema, dando até uma pequena sensação de moto “pescadora”. A título de curiosidade, este termo surgiu pois, nas antigas “rabos-duros”, que contavam com uma suspensão dianteira contra nada na traseira, havia o efeito de mergulhar a frente numa oscilação do piso. Daí vem a frase “A moto pesca muito nos buracos...” – conseqüência da diferença do efeito de absorção do impacto entre as rodas.
Apesar desta característica estar presente na Midnight, o que remete às tradicionais, não resulta em situação de risco. É até uma sensação gostosa, que se opõe ao rodar áspero da traseira desta Custom. Ela se comporta melhor do que a média, por conta do monoshock e da estrutura reforçada na lateral da traseira do chassi. Seria mais confortável se tivesse mais curso na suspensão. Porém, a altura teria que ser maior e a configuração lean and low tradicional seria prejudicada.
![]() |
Foto: Claudinei Cordiolli
|
Os freios excepcionais fazem bem o seu serviço e, por isso, não chamam a atenção. Estes são exatamente dentro do esperado, passando confiança e controle. Já a posição do piloto faz com que, em viagens longas, a moto se torne cansativa. Em velocidade de cruzeiro, não há como se inclinar contra o vento para balancear as forças e andar relaxado. Por isso, é necessário tencionar os braços ou as costas para resistir à força do vento. Cansa bastante, mas pode ser resolvido com a instalação de um pára-brisa, que corta o vento e coloca o indivíduo numa posição mais relaxada. Outros acessórios interessantes são o sissy bar e um banco mais largo para maior conforto do garupa.
Ficha técnica
MOTOR |
|
Tipo |
942cc refrigerado a ar 4-tempos, V-2 60º, SOHC, 4-válvulas |
Diâmetro x Curso |
85.0mm x 83.0mm |
Razão de Compressão |
9.0:1 |
Alimentação |
Injeção eletrônica |
Ignição |
TCI: Transistor Controlled Ignition – Ignição controlada por transistores |
|
|
TRANSMISSÃO |
|
Câmbio |
5-marchas; embreagem multi-disco em banho de óleo |
Transmissão Final |
Correia dentada |
|
|
CHASSI |
|
Berço duplo lateral desmontável para acesso ao motor. |
|
Suspensão dianteira |
Garfo Telescópico Ø41mm, 134 mm de curso |
Suspensão traseira |
Mono shock, 109 mm curso |
Freio/Diant |
Hidráulico a disco de 320 mm |
Freio/Tras |
Hidráulico a disco de 298 mm |
Pneu/Diant |
130/70-18M/C 63H |
Pneu/Tras |
170/70-16 M/C 75H |
Rodas |
Liga leve |
Comprimento |
2.438 mm |
Largura |
1.000 mm |
Altura |
1.080 mm |
Altura do banco |
673 mm |
Entre eixos |
1.684 mm |
Rake (ângulo caster) |
32.0° |
Trail |
145 mm |
Diversos |
|
Capacidade do tanque |
16,5 litros |
Peso em ordem de marcha |
277 Kg |
Preço tabela FIPE |
R$ 35.018,00 |
Consumo
Durante nosso teste, a Midnight se apresentou muito sensível à qualidade do combustível e à forma de conduzir, variando o consumo consideravelmente. Ela vai de um mínimo de 13 Km/l com gasolina comum e tocada agressiva, até o máximo de 32 Km/l com combustível ideal, em percurso com descida de serra e andando no nível do mar, em velocidade constante de 80 Km/h. A bike mostrou que gosta de gasolina de qualidade e o motor sofre (esquenta mais) com a falta dela. Vejam a tabela:
Tabela de consumo
Km ini. |
Km Fin. |
Abast. litros |
Km percorrido |
média |
2292 |
2546 |
9.88 |
254 |
25.71 |
2546 |
2783 |
7.32 |
237 |
32.37 |
2783 |
2885 |
7.90 |
102 |
12.92 |
2885 |
3046 |
9.58 |
161 |
16.81 |
3046 |
3162 |
5.26 |
116 |
22.06 |
3162 |
3340 |
14.15 |
178 |
12.58 |
3340 |
3547 |
10.13 |
207 |
20.43 |
3547 |
3719 |
8.48 |
172 |
20.28 |
3719 |
3928 |
16.14 |
209 |
12.95 |
3928 |
4019 |
4.44 |
91 |
20.50 |
4019 |
4194 |
10.04 |
175 |
17.43 |
|
totais |
103.32 |
1902 |
19.46 |
Tabela de avaliação dos pilotos
Tópico |
|
Bitenca |
Claudinei |
André Garcia |
|||
|
Média |
Nota |
Comentário |
Nota |
Comentário |
Nota |
Comentário |
Motor |
8.33 |
7.50 |
Prima pelo torque, elasticidade e segue bem as especificações Custom; gera pouco calor ao piloto, mas sofre com o tipo de combustível |
8.50 |
Muito elástico, aceita acelerar em 5ª desde os 60 km/h, até a velocidade final sem engasgos ou buracos |
9.00 |
Motor muito elástico, pulsa não vibra. Entre 80 e 120 km em 5ª marcha na estrada, o ritmo e o barulho do motor lembram um V8. Vibração só incomoda acima da velocidade de 130 Km/h. |
Câmbio |
7.83 |
8.00 |
Bem escalonado, silencioso. Um pouco de folga excessiva para uma transmissão por correia. |
7.00 |
Tem engates duros, porém precisos que obrigam a fazer as trocas com o calcanhar. |
8.50 |
Bem escalonado e muito preciso, apesar de engates duros, especialmente na 1ª marcha |
Suspensão |
8.33 |
9.00 |
Traseira monoshock com link e dianteira convencional colocam esta Custom em outro patamar de referência para suspensão |
7.50 |
Foi feita para asfalto em excelentes condições. No uso urbano, transmite as pancadas ao condutor. |
8.50 |
Sofre no péssimo asfalto brasileiro, mas, das customs, é a que menos sofre. |
Ciclística |
8.50 |
8.00 |
Muito equilibrada, trás característica interessante de "pescar" nas ondulações e sem conseqüências perigosas. |
8.50 |
Surpreendeu pela agilidade na mudança de direção, mas as plataformas raspam com facilidade. |
9.00 |
Excelente, apesar do estilo, permite ao piloto mudanças rápidas de direção. Basta não exagerar para preservar as pedaleiras. |
Conforto |
7.67 |
7.00 |
Boa postura do piloto, porém não permite avançar sobre o vento para equilibrar as forças e ficar acomodado. |
7.00 |
Tem uma ótima ergonomia, porém a espuma do banco tem pouca densidade e as plataformas deveriam ser montadas sobre coxins, pois vibram muito já a 120 km/h. |
9.00 |
Muito bom. Pilotei por horas e não senti cansaço. Os bancos poderiam ter melhor densidade da espuma. O guidão permite pilotagem bem relaxada. As vibrações nas pedaleiras não chegam a incomodar, mas merecem uma revisão. |
Acabamento |
9.33 |
9.00 |
Esmerado acabamento, com detalhes dignos de um modelo personalizado. |
9.00 |
Ótimo acabamento com cromados de qualidade. Todas as peças se encaixam com perfeição |
10.00 |
Desde sua apresentação à imprensa, fiquei surpreso com o acabamento. Peças de excelente qualidade e encaixes perfeitos. |
Freios |
8.50 |
8.00 |
Freios bons, dentro do esperado, não causam surpresas. Fazem bem o seu serviço sem chamar atenção a nenhum detalhe. |
8.50 |
Condizentes com a motocicleta. Proporciona uma frenagem equilibrada. |
9.00 |
Gostei. Não é borrachudo. Muito equilibrado. |
Média final |
8.36 |
8.07 |
|
8.00 |
|
9.00 |